Uma estimativa do engenheiro agrônomo Edegar Formentini, com base em dados do Fórum Espírito-Santense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (Fesciat), sistematizados a partir da ficha semestral de agrotóxicos do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), formada a partir das receitas de agrotóxicos vendidos nas lojas especializadas enviadas semestralmente ao Idaf apontou que durante o primeiro semestre de 2018, foram comercializados quatro milhões de quilos de agrotóxicos (ou 1,94 milhão kg de princípios ativos) no Espírito Santo.
Considerando um consumo similar também no segundo semestre, teríamos, em um ano, o montante estimado de oito mil toneladas de venenos agrícolas, o que é equivalente para matar, por intoxicação aguda, 44.163.348 pessoas ou, 11,46 vezes a população capixaba.
Atenta a esse problema, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semmas) de Barra de São Francisco está fazendo um trabalho no comércio francisquense sobre o controle da poluição por agrotóxicos, através de seus educadores ambientais.
A principal tem sido a distribuição de um panfleto com orientações às lojas que comercializam produtos agrícolas no município.
O sócio-proprietário da Triunfo Agropecuária, Arilson Profirio, foi um dos visitados na manhã desta quinta-feira, 3 de fevereiro. Ele que, ocupou a Secretaria Municipal de Agricultura no início do atual mandato e desenvolveu uma horta orgânica no polo industrial, atendeu a equipe da Semmas junto com seus funcionários, demonstrando estar consciente dos danos provocados pelos agrotóxicos na saúde humana.
EDEGAR
Representante da Associação dos Servidores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Assin) na Comissão de Saúde e Meio Ambiente do Fesciat em 2018, Edegar explica que, a partir dos dados do Fesciat, foi realizado um trabalho de cálculo do potencial da toxicidade aguda dos 30 princípios ativos mais comercializados no Espírito Santo, a partir de informações sobre a dose letal média (DL50) dos respectivos princípios ativos disponível na literatura científica, e considerando o peso médio da população capixaba em 70 kg.
“A DL50 mata 50 % dos indivíduos submetidos a ela. No grupo sempre existem indivíduos que só morrem ao se submeterem a dosagens significativamente maiores, mas há outros indivíduos que morrem ao se submeterem a dosagens significativamente menores, portanto a quantidade a mais de produto que alguns indivíduos exigem sobrou noutros”, esmiúça.
A população só não está sendo dizimada de fato por essas mais de oito mil toneladas de venenos porque nem toda ela chega a ser diretamente consumida pelas pessoas. “Uma parte fica nos alimentos, outra vai para a água, outra fica retida no solo e outra se degrada”, explica o agrônomo.
Cada princípio ativo, explana, tem uma velocidade própria para se degradar no meio ambiente. “O solo tem capacidade de absorver uma quantidade de segurar a partícula do agrotóxico na própria argila. Em outros, a argila não segura e ele vai parar na água”, compara.
A argila, diz, “tem cargas negativas na estrutura dela que se ligam às cargas positivas dos agrotóxicos, que ficam presos. Em alguns solos, a própria luz degrada a partícula, ou os microrganismos a degradam”, conta.
Há diferenças também nos produtos. Alguns são mais estáveis, como o DDT, que permanece no solo por até 30 anos. E a ciência ainda não consegue ter precisão absoluta sobre esses números, pois há bulas que indicam meia-vida (tempo de degradação no ambiente) de seis dias, sendo que, na prática, é possível perceber sua permanência por meses, relata o pesquisador.
PRINCIPAIS VENENOS
No estudo, Edegar lista os trinta venenos mais usados no Estado e informa a fonte que usou para calcular o poder letal de cada um. Os primeiros 15 venenos do ranking são: glifosato; 2,4-D; mancozeb; clorpirifós; Xilol; flutriafol; glifosato potássico; dicloreto de paraquat; glifosato-sal de potássio; tiofanato-metílico; paraquate; diurom; e clorotalonil.
Receba novidades por e-mail ou siga nossas redes sociais
De segunda a sexta, das 8h às 11h e 13h às 17h
(27) 37568000